Com uma toalha de rosto branca no colo, Jean fazia expressivos movimentos com as mãos e falava sem parar. Mauro, com o cabelo liso sobre o rosto e Juninho, “acariciando” sua guitarra, também conversavam com entusiasmo. O assunto parecia muito empolgante para os três. Duca, totalmente alheio ao que o trio comentava, ria da tentativa frustrada de início da entrevista.
Enquanto os três ignoravam completamente o mundo ao redor, Duca imita Jean e diz que assim que a conversa terminasse, ele daria um sorrisinho e estaria pronto para começar a entrevista. Não deu outra! Duca chama a atenção dos rapazes “ow, a gente pode ensaiar depois” e então Jean expressa o sorrisinho, exatamente como Duca havia feito. Mas também, são cerca de 20 anos juntos, é fato que eles se conhecem bem.
Jéssica Machado, acadêmica de jornalismo e estagiária da produção da Primeira Batista, se apresentou e deu início à entrevista. Com a voz que claramente demonstrava nervosismo, ela perguntou se apenas um integrante da banda responderia as perguntas ou se todos falariam um pouco. Mauro diz com veemência “eu vou responder todas as perguntas”. Mas não foi bem assim que começou. Ao serem questionados sobre os motivos que levam as rádios seculares, especificamente de Campo Grande, não tocarem músicas de bandas cristãs (com exceção da banda Rosa de Saron, que emplacou uma música e fez sucesso nas rádios), Juninho é quem responde.
Sempre movimentando as mãos para dar ênfase ao que fala, o guitarrista da banda explica que os músicos cristãos não precisam fazer e cantar músicas com jargões evangélicos, “a gente pode falar de muitas coisas que são do cotidiano, do dia a dia, da nossa vida, mas que a gente vê a mão de Deus agindo, a gente vê a beleza da vida. Tem tantas coisas belas que Deus faz na nossa vida no dia a dia e se a gente conseguir retratar isso sem usar apenas um linguajar ‘crentês’, uma linguagem onde a gente usa dentro da igreja, as pessoas vão assimilar isso de uma maneira mais fácil”. Para simplificar, ele faz uma comparação: “quando nós cristãos chegamos ao banco, a gente não chega pro cara do caixa e fala ‘a paz do Senhor’ pra ele, a gente fala bom dia, boa tarde, boa noite. É a mesma coisa, eu acho que as pessoas podem ver Deus na nossa vida e na nossa música de várias maneiras, nós não precisamos seguir apenas um roteiro, uma regra das poesias que vão terminar em rimas para que as pessoas entendam que nos somos cristãos”. Para Afram, estes são os principais motivos que fazem continuar esta barreira das rádios seculares com as músicas cristãs.
Já passado um pouco do nervosismo, Jéssica pergunta sobre o lançamento do DVD Depois da Guerra Experience. Duca continua quase deitado na cadeira e faz umas gracinhas, Mauro embala. Juninho, dedilhando algumas notas na guitarra, sorri e Jean ainda com sua toalha branca dá um sorrisinho rápido. Eles admitem que não
viram ainda o DVD pronto. Não tiveram tempo de pegar “o filho” nas mãos. “Estamos loucos para chegar em casa pra colocar no DVD e assistir”, afirma Mauro. De imediato, Jean interrompe: “Será que vai ter isso? A gente vai poder levar pra casa?”. Só Mauro ri alto. Sobre os planos de fazer um tour do DVD DDG Experience fora do Brasil, Duca explica sempre tem “planos não planejados, a gente tem desejo, com certeza”.
Depois da Guerra não foi um tema preparado pela banda. Juninho Afram afirma que quando criaram a música que deu nome ao CD, eles se referiam a uma guerra que acontece e é motivo de uma barreira na pregação do reino de Deus. “A gente fala muito em amor, a gente fala, mas não vive. Nossa retórica é muito bonita, mas ela não acontece. Então essa música surgiu dessa indignação com esse sistema que nós vivemos, que muitas vezes nós fazemos parte disso também. Nós somos tão vilões como qualquer um, qualquer cristão. E essa música traz justamente esse pensamento de o Reino de Deus, nós pregamos sobre o amor, mas nós não vivemos”. Destacando os motivos das guerras, Afram cita o orgulho, o status e coisas deste tipo que acontecem no mundo e da mesma maneira acontecem dentro da igreja.
O tema guerra não foi proposital, segundo Juninho. “Nós acabamos fazendo várias músicas que também falavam sobre guerras, as guerras exteriores, as guerras interiores. Muitas vezes o homem é derrotado não nas exteriores, mas nas interiores e fala também, dentro deste prisma de guerra, do socorro sempre presente de Deus nas nossas vidas, daquele que busca. E quando gente acabou olhando o mix das músicas a gente falou ‘nossa acabou quase que se tornando um CD temático’. Acabou acontecendo dessa maneira. Então como a gente não acredita em coincidência, a gente acredita que foi algo que Deus acabou preparando para este trabalho”.
O Espaço Alternativo, onde foi realizado o show, estava cheio de gente, entre elas cristãos e não cristãos também. O público do Oficina G3 é bastante diversificado. Por ser formada por músicos de reconhecimento nacional e também internacional, a banda atrai pela qualidade do som muitas pessoas que não são cristãs. Esta apresentação do dia 02 de setembro foi uma das últimas antes do lançamento oficial do DVD Depois da Guerra Experience, que rola dia 09 de setembro, na ExpoCristã (um evento cristão que acontece em São Paulo).
Este novo DVD foi gravado com última tecnologia e firma uma nova fase para a banda, incluindo a chegada de Mauro Henrique e a participação de várias pessoas. Tudo isso deixa muita gente, inclusive os próprios integrantes da banda, na expectativa. Estão todos ansiosos para terem esta “experiência depois da guerra”.
Rafaela Gizzi
Confira algumas fotos deste show, clicadas por Joelson Emanuel - clique aqui .
comentários: 1
SO ESPERANDO O DVD NOSSA VAI SER MUITO SHOWW!!!!!! DDG G3!!
(FUI O PRIMEIRO A COMENTAR *-*
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